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Câmara Municipal do Rio discute os desafios da mobilidade no seminário “O Rio do Futuro”

A terceira edição do evento reúne especialistas, autoridades e sociedade para debater soluções para o transporte público

A terceira edição do seminário O Rio do Futuro abriu nesta quarta-feira, dia (03/12), no Palácio Pedro Ernesto, reuniu especialistas, autoridades, empresários e cidadãos em torno de um tema urgente: a mobilidade urbana. Organizado pela Editora Globo, com apoio da Câmara Municipal do Rio, o evento segue até esta quinta-feira (04/12).

No painel de abertura, “O Rio não para: mobilidade como caminho para o desenvolvimento”, o presidente da Câmara do Rio, vereador Carlo Caiado (PSD), destacou avanços recentes conquistados com apoio do Legislativo. Ele lembrou o colapso do transporte público em 2021 e a necessidade de ação conjunta para recuperar o sistema.
“Foi preciso coragem política para reestruturar o BRT. Hoje a população volta a ser tratada com dignidade”, afirmou.

Caiado também ressaltou a importância do Plano Diretor, aprovado em dezembro de 2023.
“Precisamos compreender a cidade como ela é e pensar para onde queremos levá-la”, disse. Ele citou a implantação de áreas de lazer, como o Parque de Realengo, como parte desse processo de reorganização urbana.

A diretora-executiva do ITDP Brasil, Clarisse Linke, relacionou as discussões ao momento pós-COP 30, enfatizando a necessidade de colocar as pessoas no centro do planejamento urbano. “Mobilidade não é apenas deslocamento: é repensar a cidade para torná-la mais humana, resiliente e inclusiva”, afirmou.

O vice-presidente da Firjan, Mauro Ribeiro Viegas Filho, chamou atenção para o desafio de aproximar a população de seus locais de trabalho, sobretudo a de baixa renda. Segundo ele, o Plano Diretor representa um avanço nesse sentido. Viegas destacou ainda que o BNDES apoia 15 grandes projetos de mobilidade, mas ressaltou as dificuldades impostas pela geografia do Rio. “A cidade se desenvolveu contornando barreiras naturais, o que dificulta desde o deslocamento até a expansão do metrô”, explicou.

O chefe-executivo do Centro de Operações e Resiliência (COR), Thiago Curvello, apresentou o trabalho de monitoramento do tráfego feito por mais de 5 mil câmeras — número que deve chegar a 10 mil. Ele detalhou melhorias no tempo de resposta a incidentes e mudanças nos protocolos de remoção de veículos, o que reduz impactos no trânsito.

O papel dos modais na revitalização do Rio

O segundo painel, “Transporte que transforma: o papel dos trens, ônibus e VLTs na revitalização do Rio”, reuniu representantes do setor público para apresentar avanços estruturais.

A secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, destacou a integração promovida por novos equipamentos, como o Terminal Gentileza, e relembrou o estado crítico da frota do BRT em 2021. “Tínhamos 120 ônibus sucateados transportando 150 mil pessoas. Hoje são quase 800 veículos novos, levando 610 mil passageiros por dia — um recorde histórico”, afirmou.

O líder do governo, vereador Marcio Ribeiro (PSD), reconheceu os progressos, mas afirmou que a população ainda espera mais melhorias, especialmente nas linhas de ônibus.
“O cidadão está satisfeito com os avanços, mas a expectativa é de evolução contínua”, disse.

O vereador Flávio Valle (PSD) fez um resgate histórico, lembrando que o Rio já foi referência em transporte sobre trilhos. Ele criticou o retrocesso causado pela predominância do modelo rodoviário a partir dos anos 1950 e destacou a retomada das discussões sobre transporte de massa a partir dos anos 1990.

Ordenamento urbano e desenvolvimento econômico

O diretor-executivo da Rio Negócios, Marcelo Haddad, ressaltou que infraestrutura adequada é decisiva para atrair investimentos. “Empresas analisam diversas dimensões, e a infraestrutura pesa muito. Já tivemos momentos de grande interesse no Rio, mas faltavam prédios e estrutura física”, disse.

Haddad lembrou que o Centro do Rio concentra 72 mil CNPJs e cerca de 550 mil pessoas circulando diariamente, mas hoje tem apenas 15 mil moradores. A previsão é que esse número quase triplique nos próximos três anos. “Com mais moradores vivendo próximos ao trabalho, será fundamental garantir transporte eficiente, ordenamento urbano e civilidade para que os investimentos se consolidem”, avaliou.

Nesta quinta-feira (04/12), o seminário encerra com dois novos debates: “Transporte inteligente, cidade melhor: o futuro já começou?” e “Do acesso à autonomia: o transporte que faz diferença na vida real”, ambos mediados pela jornalista Lívia Torres.