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Antes da morte, há vida!

Por Miriam Alice

Este final de semana participei do II Congresso de Cuidados Paliativos do Rio de Janeiro. Foram três dias de atualizações, em um evento digital. Apesar de ser um encontro virtual, senti-me calorosamente abraçada pelas exposições dos palestrantes, que são renomados profissionais paliativistas, oriundos de diversas regiões do Brasil e do Mundo. Ao ouvir os relatos dos profissionais, identifiquei-me. E eu, como psicóloga paliativista, sob forte emoção, senti-me honrada pela confiança atribuída à minha prática clínica, por pacientes e familiares.

 

Caros leitores e leitoras, vocês devem estar se perguntando: o que são cuidados paliativos? Ser um profissional paliativista, o que significa? E quais as atribuições de uma psicóloga paliativista?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no conceito definido em 1990 e atualizado em 2002, “cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”. A palavra paliativo é derivada do vocábulo latino pallium, que significa “manto”. Portanto, cuidado paliativo pode ser compreendido como Cuidado de Proteção ao Paciente, dentro de uma visão holística, que considera as várias dimensões do ser humano. Cuidado paliativo é, portanto, uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares.

 

Importante ressaltar que os Cuidados Paliativos, ou Paliativismo, não envolvem apenas a terminalidade. O serviço pode começar quando o paciente recebe o diagnóstico de uma doença potencialmente letal. Assim sendo, cuidados paliativos podem auxiliar o paciente, mesmo quando a perspectiva de cura existe. Em alguns lugares o termo até modificou-se para Cuidado de Suporte à Terapêutica.

 

Entretanto, na fase terminal, em que o paciente tem pouco tempo de vida, o tratamento paliativo se torna prioritário para ofertar acolhimento, conforto e dignidade. A transição do cuidado com o foco na cura, para o cuidado com o objetivo paliativo, é um processo contínuo, e ocorre de forma singular para cada paciente.

 

Os profissionais paliativistas não se ocupam com a doença, nem com a cura, tampouco com o tempo de vida que resta ao paciente. Ser um profissional paliativista é atuar na promoção da qualidade de vida. Promover qualidade de vida é buscar a melhoria no cotidiano do paciente e de seus familiares.

 

Em Cuidados Paliativos, a abordagem ao paciente e à família é praticada por equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólogos e farmacêuticos, em atividades diretamente ligadas às necessidades biopsicossociais. Cuidados Paliativos devem estar disponíveis para pacientes e familiares, durante todo o processo de doença ameaçadora à continuidade da vida, e também no transcurso do luto.

 

O psicólogo que integra uma equipe de Cuidados Paliativos tem formação profissional na área, para que possa oferecer estratégias ao paciente, que auxiliam na elaboração das intensas experiências emocionais vivenciadas, com a proximidade da sua finitude. Citarei abaixo, algumas das muitas contribuições da psicologia ao paciente em cuidados paliativos.

 

Um dos objetivos primordiais do atendimento psicológico é mostrar ao paciente que a experiência do adoecer pode ser compartilhada, em uma relação de cumplicidade. Outro objetivo importante, o psicólogo paliativista é o profissional que auxilia o paciente a lidar com os agentes estressores, que geram sofrimento e angústia, devido às mudanças que o tratamento provoca no dia-a-dia dos pacientes e familiares. E, mais um objetivo relevante do atendimento psicológico, a ressignificação dos eventos significativos da vida do paciente. Ressignificar é oferecer a oportunidade a si mesmo(a), de transformar um determinado episódio percebido como negativo, em uma experiência que agrega valor à sua história pessoal.

 

Para concluir o tema desta semana, que poderá ser retomado em colunas futuras, deixo para vocês uma frase de Cicely Saunders, médica britânica, pioneira nos cuidados paliativos, para que possam refletir: “O sofrimento humano só é intolerável, quando ninguém cuida”.

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