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“Não julgue, ajude!”

Por  Miriam Alice  

Sim, Saúde Mental Importa!

A cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida, em algum lugar do globo terrestre. Mais de 800 mil pessoas se autoexterminam no planeta, no decorrer de um ano. A segunda principal causa de morte entre jovens no mundo, com idade entre 15 e 29 anos, é o suicídio.

No Brasil, o índice de suicídios só tem aumentado a cada ano. A cada 46 minutos um brasileiro tira a própria vida. E cerca de 96,8% dos casos de suicídio são relacionados ao adoecimento mental. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar, abuso de substâncias, transtornos de personalidade e esquizofrenia. Estes são os dados que constam no relatório da Organização Mundial de Saúde, em 2016. Segundo à OMS, o suicídio é “um sério problema de saúde pública global”.

O suicídio é uma ação deliberada, executada pela própria pessoa, de maneira intencional. Na maioria das vezes, o ato suicida é cercado por sentimentos ambivalentes, e cuja intenção é pôr fim a um sofrimento. O suicídio é um fenômeno que ocorre em todas as culturas, e com vários relatos ao longo da história da humanidade.

O comportamento suicida apresenta determinantes multifatoriais e é o resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos, biológicos, genéticos, culturais e socioambientais. Assim sendo, o suicídio deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores, que se acumulam no percurso histórico do sujeito.

Uma das dimensões que define o suicídio é a ideação suicida, que corresponde aos pensamentos autodestrutivos, ou aos planos para realização do autocídio. As outras dimensões do suicídio são: a tentativa de se matar e o ato suicida.

Importante destacar, que a ação de pôr fim à própria vida é um comportamento anunciado, mas não devidamente interpretado por familiares e amigos. Sinais são emitidos, através de comportamentos “diferentes”, que funcionam como um pedido de atenção, de ajuda. Embora o suicídio seja um assunto delicado, ele não pode se tornar um tabu. Em 2015, com o objetivo de prevenir e reduzir esses números de atos letais, a campanha “Setembro Amarelo” foi implementada no Brasil.

 


A campanha de conscientização contra suicídio iniciou-se nos Estados Unidos, em setembro de 1994, a partir da história de Mike Emme. O jovem de 17 anos era conhecido por sua personalidade carinhosa e pela sua habilidade mecânica. Em 08 de setembro de 1994, Mike Emme cometeu suicídio, no interior de seu Mustang 68, que ele mesmo tinha restaurado e pintado de amarelo. No dia do seu velório, seus pais e seus amigos decidiram distribuir cartões amarrados em fitas amarelas, com frases de apoio para pessoas que pudessem estar enfrentando problemas emocionais. A ideia acabou desencadeando um movimento mundial de prevenção ao suicídio e, até hoje, o símbolo da campanha é uma fita amarela.

A partir de 2013, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio no Brasil. Desde 2015 “Setembro Amarelo” é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, que ocorre durante este mês, com o intuito de estimular ações que busquem promover a saúde mental. Neste mês de setembro ocorrem mobilizações que informam sobre o adoecimento mental, e que apresentam espaços de acolhimentos, a quem sofre com ideações suicidas e/ou para aqueles que relatam tentativas de suicídio.

Como evitar o suicídio? Primeiramente, busque ajuda profissional especializada. A melhor forma de prevenir é o tratamento para os transtornos psiquiátricos subjacentes, com medicamentos e psicoterapia.

Em segundo lugar, é muito importante o monitoramento de pessoas com tendências suicidas, por profissionais da área de saúde e pela família. E, por último, mas não menos importante, necessário manter o diálogo aberto sobre o tema na sociedade, para a divulgação da rede de apoio aos que são acometidos por sofrimentos psicológicos/psiquiátricos, e aos familiares. Com a divulgação à população, dos locais e tipos de serviços, as pessoas que pensam em cometer o autocídio podem se sentir acolhidas e apoiadas em seus tratamentos.

Quanto aos familiares, como podem auxiliar? É preciso buscar informações e pedir ajuda profissional, para conseguir prevenir a tentativa, assim como evitar as reincidências.

Os familiares também precisam de ajuda? Sim, a família é uma rede de apoio importante, mas que igualmente necessitam ser acolhidos, escutados e esclarecidos, seja na prevenção, seja na posvenção ao suicídio.

Em um cenário pós-pandêmico, a orientação que a OMS fornece é que se intensifiquem os esforços de prevenção do suicídio. “Não podemos – e não devemos – ignorar o suicídio”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde. “Cada um deles é uma tragédia. Nossa atenção à prevenção do suicídio é ainda mais importante agora, depois de muitos meses convivendo com a pandemia de COVID-19, com muitos dos fatores de risco para suicídio – perda de emprego, estresse financeiro e isolamento social”. Ainda, segundo a OMS, 90% dos suicídios podem ser prevenidos, se a pessoa adoecida receber o tratamento devido, assim que as ideações suicidas se apresentarem.

Caro leitor, cara leitora, estamos em “Setembro Amarelo”, mês de prevenção ao suicídio; se você, ou alguém próximo a você, precisar de auxílio, busque ajuda profissional. A melhor prevenção é a conscientização da sociedade de que “Sim, Saúde Mental Importa”. No que eu puder auxiliar/contribuir… estou aqui.

Estimados leitores, caso tenha ficado com alguma dúvida, ou caso você precise de maiores informações sobre os assuntos abordados neste artigo, fique à vontade para me contactar no e-mail psi.miriam.alice@gmail.com. Disponha também do meu WhatsApp: (21) 98896.1600. Se preferir, acesse minha rede social: Instagram: Psi Miriam Alice.