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O que você faz, com o que fizeram a você?

Por Miriam Alice

Muitas pessoas reclamam da falta de espaço em seus armários, mas não praticam aquela tão necessária faxina. A limpeza periódica em seus objetos pessoais, serve para preservar o que tem utilidade, e para descartar o que não tem mais lugar em sua moradia. Em algumas residências, o acúmulo de objetos é tamanho, que muitas pessoas chegam a construir ou alugar espaços, para depositar seus pertences!

Essa dinâmica do “acumular”, também acontece na mente das pessoas. Esse evento ocorre quando dissabores não são superados, e os ressentimentos se agrupam na mente.

Na língua portuguesa, “ressentir” é um verbo transitivo direto que significa “tornar a sentir”.
Nesse verbo, o prefixo “re” indica o retorno do sentir. E o sentimento revivido é de uma mágoa, de uma queixa, de uma ofensa, de um rancor, que insiste em ser vivenciado, como se acontecesse hoje. O ressentido não é alguém incapaz de esquecer, ou de perdoar. O ressentido é uma pessoa que não quer esquecer, nem perdoar, e tampouco superar o mal que o vitimou.

Como psicoterapeuta, em casos específicos, ao acolher o paciente em consultório com essa determinada demanda de trabalho analítico, ele pode receber minha orientação profissional quanto à faxina doméstica de seus armários, gavetas e pastas. A proposta psicoterapêutica é para que, a cada espaço físico revisitado, o exercício do “peneirar” seja praticado.

 

Faxinar os baús da casa, para conservar, ou descartar, “entulhos”, é um exercício que serve como laboratório ao processo, que concomitantemente ocorre no setting analítico. No campo psicanalítico, o setting é um espaço que se oferece ao paciente, com o intuito de propiciar a estruturação simbólica dos processos subjetivos inconscientes, reunindo as condições técnicas básicas para a intervenção psicanalítica.

Desfazer de “entulhos” e liberar espaço para o novo é uma prática possível de ocorrer também na mente. Acessar memórias doloridas em análise, possibilita remontar a vivência traumática do ontem, atualizando a experiência para o momento atual. O ressentimento é elaborado, e assim é possível adquirir um valor à vida, e não mais um fardo, como outrora.

Leitor ou leitora da Revista Barra Legal, como pratico em consultório, convido você à reflexão: o quanto você construiu de expectativas em relação à sua vida, e que hoje se ressente? E esses ressentimentos paralisam você, diante das possibilidades de fazer novos arranjos no seu momento presente?

Nesse enquadramento clínico que hoje apresentei, se você encontrar limitações, dificuldades, resistências de abandonar o que faz mal a você, é o momento de parar, respirar, e responder com toda sinceridade: o seu passado, por mais sofrimento que tenha passado, agregou algo positivo ao seu presente? Ou apenas há o reconhecimento de sentimentos ruins, que trazem desconfortos? O seu passado assombra? E os objetivos que você desenhou em sua vida, impulsionam seu desenvolvimento, ou escravizam, destroem e trazem um fardo ao seu momento presente? O combinado consigo em algum lugar do passado, ou do futuro, atormenta ou sobrecarrega a sua mente?

Se você tiver dificuldade em responder a essas perguntas, se identificar que está incapacitado de fazer diferente sozinho, é importante reconhecer as limitações e recorrer a ajuda de um profissional da psicologia, que é capacitado à sua demanda de auxílio. Como disse o filósofo Sartre: “o que importa, não é o que me fizeram, mas sim o que faço com o que me fizeram”. E, para essa caminhada de autoconhecimento, você não está sozinho… estou aqui.

Caro leitor, cara leitora, ficou com alguma dúvida ou precisa de mais informações sobre os assuntos abordados neste artigo?

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