Poesia, Psicologia & Psicanálise

Por Miriam Alice

O Dia Nacional da Poesia é oficialmente comemorado no Brasil em 31 de outubro.

A data é uma homenagem ao ilustre poeta Carlos Drummond de Andrade, que nasceu em 31 de outubro de 1902.

A data foi oficializada através da Lei nº 13.131, de 3 de junho de 2015, por sugestão do senador Álvaro Dias. A homenagem tem a intenção de incentivar a produção e a leitura.

Carlos Drummond de Andrade, ou somente Drummond, é considerado o poeta de maior reconhecimento da literatura brasileira. Drummond é conhecido por ser um dos principais nomes da Segunda Geração do Modernismo Brasileiro. A obra drummondiana reflete temas do cotidiano, como a vida urbana, o amor, a solidão, as relações humanas e outros assuntos que se mantêm atuais.

A poesia especificamente, e a literatura de forma geral, apresenta temas que representam de forma genuína as questões humanas. Essa ilustração do universo humano, que a literatura privilegia, aproxima o mundo artístico da clínica “Psi”.

Abaixo descrevo uma homenagem da psicóloga Rejane Nascimento, especialista em Saúde Mental, que demonstra a relação íntima entre a Poesia e a Psicologia:

Poesia usa palavras que vêm do coração,

Psicologia usa a palavra como solução,

Poesia tira a amargura,

Psicologia torna a vida menos dura,

Em ambas, a palavra é via de cura.

Na poesia, podemos descarregar,

Na psicologia, iremos nos encontrar;

A poesia sempre irá nos tocar,

A psicologia vem para ajudar;

Com poesia, posso me deliciar,

Com psicologia, posso a vida apreciar.

Poesia fala de sentimento,

Psicologia faz tratamento;

Poesia fala de amor,

Psicologia cura a dor.

Poesia pode trazer alegria,

Psicologia nos acalma…

Mas, não há dúvida!

Ambas são remédios para a alma!

Freud, fundador da Psicanálise, teve nos poetas grandes aliados para sua construção teórica. Freud disse: “Seja qual o caminho que eu escolher, um poeta já passou por ele antes de mim”. Por exemplo, ao analisar a obra Édipo-Rei, do dramaturgo grego Sófocles, Freud cunhou o conceito de Complexo de Édipo.

Nas palavras do próprio Freud, investigador da alma humana: “. Isto é, há uma sensibilidade precoce em grandes artistas, o que permite uma melhor interpretação do mundo”. Freud usou “poeta” em sentido mais amplo, que prestigia as produções artísticas de modo geral.

Da mesma forma que a Psicanálise recebeu contribuições preciosas da arte, inúmeros artistas se inspiraram em temas da Psicanálise. Artistas do séc. XX, e XXI se debruçam nas contribuições da área “Psi”, para melhor exprimir a alma humana. Muitos conceitos, vários teóricos e inúmeros livros “Psis” são acessados pelos artistas, pois servem de inspiração e desenvolvimento de suas obras.

Para finalizar, apresento a vocês, leitores e leitoras do Portal Barra Legal, uma poesia de minha autoria, para reflexão:

Encontro.

Viver pede alma, e a vida nos desalma.

Vivo armado com minhas dores, traumas, temores, reservas e ressentimentos.

Estranho-me,

E o meu-eu desconhecido me faz companhia.

Sinto falta de mim, de um eu, que se quebrou, se perdeu.

Ou, será que nunca existi?

Sou no passado, estou no amanhã, mas no hoje, não sou e não estou!

Meu corpo “fala”, quando “tranco” meus lábios.

Minha mente pesa, e eu peno, de tanto pensar.

E tem horas que nada penso… há vazio!

Quando durmo, imagens invadem meu sono, e tenho pesadelos.

Cadê os sonhos?

Quando acordo, percebo tudo acontecendo, e ao mesmo tempo, nada acontece.

Será que acordei?

E foi assim, em meus desencontros, que nos encontramos!

Quando falo de mim, você escuta.

O que eu não digo, é o que ecoa em psicoterapia.

Quando meus silêncios e inquietudes são acolhidos, eu me escuto.

E entre nós, silêncios que “falam”, e palavras que “calam”.

Estou aqui, porque você está aí.

E, então, não sou só, na minha busca por mim.

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