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Quanto de coração, há em sua mente?

Por Miriam Alice

Historicamente as emoções nascem do coração. Contos, músicas, pinturas, a arte de forma geral, consagraram essa máxima, culturamente difundida.

Entender as emoções é uma busca antiga da humanidade. E foi essa procura que motivou o britânico Charles Darwin a publicar o livro “The Expression of the Emotions in Man and Animals” (1872). Esse estudo foi um marco inicial para a compreensão acerca de como o ser humano e os animais expressam as suas emoções.

A partir da segunda metade do século XIX, e princípio do século XX, novas investigações científicas revelaram que a região do cérebro denominada sistema límbico, é a área cerebral que recebe e transforma as informações externas em emoções. Devido a isso, o sistema límbico ficou conhecido como o “coração da mente”.

É primordial compreender que a emoção é um movimento de dentro para fora, que visa comunicar os mais importantes estados e necessidades internas. As emoções remetem comandos ao cérebro, e que levam o corpo à ação. A palavra emoção deriva do latim movere, que significa mover, pôr em movimento.

Estudos consideram que as emoções básicas, também denominadas iniciais ou primárias, são universais. As Emoções Primárias são o medo, a tristeza a alegria, a raiva e o nojo. Se você assistiu ao premiado filme “Divertida Mente”, irá se recordar dessas cinco emoções.

As emoções iniciais têm a ver com o corpo e sua principal função: a preservação da vida. As emoções primárias, resultado de longo processo evolucionário, são processos biologicamente determinados.

Além das Emoções Primárias, existem mais dois tipos de emoções: as Emoções Secundárias e as Emoções de Fundo. As emoções secundárias, também chamadas de sociais ou adquiridas, são as emoções impostas por heranças familiares, por convenções sociais e/ou religiosas. Já as emoções de fundo, são emoções difíceis de serem percebidas, porque estão relacionadas ao mundo interno do sujeito.

Diferente do que anteriormente era difundido, as emoções não nascem do coração. Entretanto, quando geram muita emoção, as emoções afetam diretamente o coração.  E, também, os demais órgãos do corpo.

Recentemente, novas pesquisas foram publicadas.

Em 2017, Alan S. Cowen e Dacher Keltner, Ph.D., da Universidade da Califórnia, cidade de Berkeley, encontraram 27 categorias de emoções. Os autores analisaram 853 respostas, aplicadas em homens e mulheres, para fundamentar a pesquisa.

O estudo publicado no Proceedings of National Academy of Sciences concluiu, ainda, que as percepções de variância, entre os diferentes estados emocionais, eram mínimas, e extremamente interligadas. As 27 emoções identificadas são: admiração, adoração, apreciação estética, diversão, raiva, ansiedade, temor, constrangimento, tédio, calma, confusão, desejo, repulsa, dor empática, êxtase, excitação, medo, horror, interesse, alegria, nostalgia, alívio, romance, tristeza, satisfação, desejo sexual e surpresa.

Cabe esclarecer, emoção e sentimento, tem o mesmo significado?  É muito comum essa questão.

As emoções são impulsos biológicos, que surgem no cérebro, visíveis no rosto, na voz e/ou na linguagem corporal. Já os sentimentos envolvem pensamentos, julgamentos, conceitos e valores.

O cérebro libera hormônios, que alteram o estado emocionalJá o aprendizado e a cultura alteram a expressão da emoção, e proporcionam novos significados e formas diferenciadas de cada um sentir e vivenciar a emoção, mesmo que a experiência seja idêntica.

Para Antônio Damásio, professor de neurociência, neurologia e psicologia na Universidade do Sul da Califórnia, destaca que “as emoções são literalmente corporalizadas, pois estão intimamente ligadas às sensações. Já o sentimento sucede quando a pessoa toma consciência da emoção e se apega a ela de forma estável, o que envolve o processo cognitivo de cada pessoa”.

Pelo acima exposto, pode-se afirmar que emoção e sentimento não tem o mesmo significado. Portanto, apesar de distintos, eles estão intimamente conectados.

“Quanto de coração, há em sua mente”? Sensações, emoções, sentimentos e pensamentos, tudo ocorre na mente.

No cérebro ocorre o estado emocional, e também ocorre o estado racional. Exatamente, o cérebro é a matriz também do pensamento. Pensar é a capacidade de formar ideias ou representar a realidade na mente.

Perceber, identificar e nomear as emoções são etapas necessárias à tomada de decisões. E lidar com as próprias emoções, como pode-se vislumbrar, não é algo inato, nem simples. Ninguém nasce sabendo como manejar as próprias emoções. Esse é um processo complexo, que requer autoconhecimento.

A psicoterapia é o espaço privilegiado para acessar e perceber que a emoção não se resume a regra dicotômica bom/ruim. Sentir é uma experiência que precisa ser contextualizada.

A experiência de ser acompanhado(a) de forma autêntica e singular, diminui a autocrítica, e propicia o alívio emocional necessário para que outras etapas do processo psicoterapêutico ocorram. O setting psicoterapêutico instiga reflexões.

O autoconhecimento, em psicoterapia, é uma caminhada que propicia uma experiência de implicações pessoais, e não um mero bate-papo. Através do vínculo terapêutico, entre você e seu psicoterapeuta, é possível vislumbrar possibilidades e alternativas.

 Sinta-se, emocione-se, pense-se. Viva a experiência do autoconhecimento, e descubra “quanto de coração, há em sua mente”? Estou aqui.

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