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Sessentou? A terceira idade chegou!

Por Miriam Alice

A terceira idade é conhecida popularmente como a melhor idade!

É a faixa etária em que a sociedade percebe as obrigações da(o) cidadã(o) como cumpridas, tanto no aspecto social, quanto no aspecto pessoal.

No âmbito social, ao iniciar as atividades laborativas, o tic-tac em contagem regressiva para muitos trabalhadores é acionado, na expectativa do período sem cartão de ponto e sem patrão. Muitos sonham diariamente com a aposentadoria, tempo em que poderão fazer o que bem entenderem do seu dia-a-dia. É comum ouvirmos, em conversas com amigos e familiares: “Ah! Quando eu me aposentar…”.

Na esfera pessoal, com os filhos criados, sem o dever da educação da prole, aposentados poderão paparicar os netos, curtirão os amigos e se dedicarão às viagens em família. Só diversão!

Este é o ideário da terceira idade, que permeia o imaginário social: cidadãos que curtirão a vida, após anos de trabalho. Porém, apenas alguns alcançarão esse momento. Não muitos.

As circunstâncias adversas da vida impõem limitações, nas dimensões física, mental e/ou financeira. E, para os idosos que não conseguirem garantir uma aposentadoria confortável, caberá à família, à sociedade e ao Estado preservarem uma terceira idade digna aos idosos.

O Dia Internacional do Idoso comemorado anualmente em 1º de outubro, foi instituído em 1991 pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de sensibilizar a sociedade para a necessidade de proteger e cuidar a população idosa. A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica cronologicamente como idosa a pessoa com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos e com mais de 60 anos de idade em países em desenvolvimento. A OMS denomina o envelhecimento em quatro estágios: meia-idade: 45 a 59 anos; idoso(a): 60 a 74 anos; anciã(o): 75 a 90 anos; velhice extrema: 90 anos em diante.

No Brasil, em 1º de outubro de 2003, foi instituído o Estatuto do Idoso (Lei 10.741), destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Esta lei está vigente desde o ano de 2004, e é um importante instrumento de cidadania e proteção às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, que já contribuíram muito para com a sociedade.

Eu, como psicóloga, das questões inerentes à essa fase da vida do ser humano, pude me aproximar ao atuar profissionalmente em três espaços diferentes: em asilo, em casa de idosos e em consultório. No asilo em que me voluntariei, em organização filantrópica, mantidas por entidades religiosas, idosos foram entregues ao asilo, por suas famílias, ou por vizinhos, pelo motivo de não haver quem pudesse arcar minimamente com os cuidados que necessitavam.

No asilo, atividades que visavam manter a capacidade funcional, motora, física e mental, eram praticadas pela equipe multidisciplinar, composta por profissionais voluntários. Já no grupo psicoterapêutico de idosos, a queixa predominante era o abandono dos familiares. Muito das queixas verbalizadas nos grupos terapêuticos da 3. idade, eram também trabalhadas nas práticas em arteterapia. Casos mais específicos, encaminhados à psicoterapia individual.

Na casa de idosos, os frequentadores tinham atividades sociais (bailes, teatros, passeios, etc), custeados pelos idosos, ou por seus familiares. Para frequentar a casa, pagava-se a mensalidade, que variava conforme a classificação do quarto, que poderia ser individual ou compartilhado. Nessa instituição, eram duas as condições para que o idoso fosse aceito como integrante da casa: possuir um plano de saúde com cobertura ambulatorial/hospitalar e, no momento da adesão à casa de idosos, estar saudável.

No consultório, em psicoterapia, os idosos partilham seus desafios, partilham suas vivências e elaboram suas experiências. E como recebo feedbacks positivos da experiência dos idosos em psicoterapia!

Quando as doenças comuns do envelhecimento humano abatem os idosos, geralmente os acolhidos são os familiares. Eles recorrem à psicoterapia para se estruturarem psicologicamente com o intuito de melhor lidarem com os desafios cotidianos de ter um idoso adoecido/acamado em casa, o que muito impactante à rotina da família.

É muito frequente a perplexidade do familiar frente ao idoso que não é mais aquele ente querido lúcido, funcional, produtivo e vigoroso de outrora. A partir do adoecimento, o idoso torna-se frágil e dependente. Ele precisará de uma estrutura familiar que o proteja. E, quando o idoso não mais reconhece um membro familiar, em casos de idosos acometidos pelas doenças Alzheimer e demência… dói!

Na psicoterapia de família, ou na psicoterapia de um familiar, dois momentos coexistem, após o relato do caso pelos familiares: pontuações clínicas são feitas segundo as particularidades de cada história familiar, e um novo olhar ao idoso é estimulado junto à família, frente à nova realidade da família.

 

 

Para finalizar, deixo um conto popular para reflexão:

Certo dia, uma criança, com a curiosidade de quem ouviu uma nova palavra, mas ainda não entendeu seu significado, perguntou à sua avó:

– O que é velhice?

Na fração de segundo antes da resposta, a avó fez uma verdadeira viagem ao passado. Lembrou-se dos momentos de luta, das dificuldades, das decepções. Sentiu todo peso da idade e da responsabilidade em seus ombros. Tornou a olhar para o neto que, ansiosamente sorrindo, aguardava uma resposta.

– Olhe para meu rosto. Isso é a velhice. – disse ela.

E o garoto, olhando fixamente por alguns instantes para sua avó, viu suas rugas, e a tristeza em seus olhos. Tristeza essa que sucumbiu perante a surpresa sentida quando o menino respondeu:

– Vovó! Como a velhice é bonita!

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