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Setembro Amarelo: Promoção da Vida e Prevenção ao Suicídio

Por Miriam Alice é Psicóloga Clínica com Especializações e Psicoterapeuta de Casal e Família

O Dia Mundial da Prevenção do Suicídio (DMPS), que ocorre anualmente em 10 de setembro, é organizado pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) e é apoiado pela Organização Mundial da Saúde. Segundo a OMS, o suicídio é “um sério problema global de saúde pública.”

Morrem por suicídio, todos os anos, em nível mundial, mais de 700 000 pessoas. Os dados mundiais mostram também que, o suicídio é a quarta principal causa de morte na faixa etária entre os 15-29 anos.

No Brasil, o número de suicídios cresceu 11,8% em 2022 na comparação com 2021. O levantamento faz parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho. Em 2022, foram 16.262 registros, uma média de 44 por dia. Em 2021, foram 14.475 suicídios. Em termos proporcionais, o Brasil teve 8 suicídios por 100 mil habitantes em 2022, contra 7,2 em 2021.

O tema do DMPS 2023, “Criar esperança através da ação”, reflete a necessidade da orquestração dos órgãos públicos, ONGs, entidades privadas e da sociedade civil. De acordo com a OMS, 90% dos suicídios podem ser prevenidos, se a pessoa adoecida receber o tratamento devido, assim que as ideações suicidas se apresentarem.

A campanha de conscientização de prevenção ao suicídio iniciou-se nos Estados Unidos, em setembro de 1994, a partir da história de Mike Emme. Em 08 de setembro de 1994, o jovem Mike Emme cometeu suicídio, no interior de seu Mustang 68, que ele mesmo tinha restaurado e pintado. de amarelo. O jovem de 17 anos era conhecido por sua personalidade carinhosa e pela sua habilidade mecânica.

No dia do seu velório, seus pais e seus amigos decidiram distribuir cartões amarrados em fitas amarelas, com frases de apoio para pessoas que pudessem estar enfrentando problemas emocionais. A ideia acabou desencadeando um movimento mundial de prevenção ao suicídio e, até hoje, o símbolo da campanha é uma fita amarela.

A partir de 2013, o dia 10 de setembro se tornou o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio no Brasil. Desde 2015 “Setembro Amarelo” é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, com o intuito de estimular ações que busquem promover a saúde mental. O evento mundial de Prevenção ao Suicídio representa um compromisso universal de focar a atenção na prevenção do autoextermínio.

Uma das dimensões que define o suicídio é a ideação suicida, que corresponde aos pensamentos autodestrutivos, ou aos planos para realização do autocídio. As outras dimensões do suicídio são: a tentativa de se matar e o ato suicida.

O suicídio é um fenômeno que ocorre em todas as culturas, e com relatos ao longo da história da humanidade. O comportamento suicida apresenta determinantes multifatoriais e é o resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos, biológicos, genéticos, culturais e socioambientais.

O suicídio é uma ação deliberada, executada pela própria pessoa, de maneira intencional. Na maioria das vezes, o ato suicida é cercado por sentimentos ambivalentes, e cuja intenção é pôr fim a um sofrimento. O suicídio deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores, que se acumulam no percurso histórico do sujeito.

Importante destacar, a ação de pôr fim à própria vida é um comportamento anunciado, mas não devidamente interpretado por familiares e amigos. Sinais são emitidos, através de comportamentos “diferentes”, que funcionam como um pedido de atenção, de ajuda.

Como prevenir o suicídio? Primeiramente, busque ajuda profissional especializada, quando os “sinais” forem emitidos, seja com familiar, vizinho, amigo ou funcionário. A melhor forma de prevenir é encaminhar a pessoa que necessita de auxílio para uma avaliação junto aos profissionais da saúde mental.

Em segundo lugar, é muito importante o monitoramento de pessoas com tendências suicidas, por profissionais da área de saúde e pela família. Uma rede de cuidados precisa ser construída a quem sofre com ideações suicidas.

E, por último, mas não menos importante, necessário manter o diálogo aberto sobre o tema em sociedade, com o objetivo de se compor uma rede de apoio aos que são acometidos por sofrimentos psicológicos/psiquiátricos, e aos seus familiares. Com a divulgação dos locais e tipos de serviços, as pessoas que pensam em cometer o autocídio podem se sentir acolhidas e apoiadas, e então buscar tratamentos.

Na rede pública, onde buscar auxílio?
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimento para pessoas em sofrimento psíquico por meio dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o cuidado e desempenha papel fundamental na abordagem dos Transtornos Mentais, principalmente os leves e moderados, não só por sua capilaridade, como também por conhecer a população, o território e os determinantes sociais que interferem nas mudanças comportamentais, dispondo de melhores condições para apoiar o cuidado.

Diferentes níveis de complexidade compõem o cuidado, sendo os CAPS – Centro de Atenção Psicossocial, em suas diferentes modalidades, pontos de atenção estratégicos da RAPS. Serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar.

Para auxiliar quem sofre, há também o Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende no número 188. O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária todas as pessoas que querem e precisam conversar.

O atendimento ocorre em todo território nacional, 24 horas, todos os dias, e de forma gratuita.
O CVV é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, desde 1973.

Os familiares, como podem auxiliar?
Fundamental o apoio familiar, contudo é preciso buscar informações e pedir ajuda profissional para conseguir prevenir a tentativa, assim como evitar as reincidências.

Os familiares também precisam de ajuda?
Sim, a família é uma rede de apoio importante, mas os familiares igualmente necessitam ser acolhidos, escutados, informados, apoiados, e semelhantemente cuidados, seja na prevenção, seja na posvenção ao suicídio.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), um ato suicida deixa rastros profundos em cinco a seis pessoas no seu entorno. Porém, uma pesquisa da organização americana National Action Alliance for Suicide Prevention traz um número mais impressionante: 115 impactados. Portanto, muitos dos denominados sobreviventes enlutados, em algum momento, precisarão de cuidados e apoio.

Posvenção é todo cuidado prestado aos sobreviventes enlutados por um suicídio. Seus objetivos associam-se ao cuidado emocional, à prevenção de possíveis complicações do processo de luto e também à promoção de saúde mental.
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