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Você sabe o que é Síndrome do Pânico?

Por Miriam Alice

Caros leitores e leitoras, hoje relatarei uma das minhas participações em um canal de TV.  Esse convite foi para um bate-papo entre profissionais da área de saúde, que foi ao ar em dois horários, pela manhã e à noite. A conversa foi esclarecedora para aqueles que assistiram ao programa, e foi também uma oportunidade para trocas de informações entre os profissionais convidados.

Nesse programa são abordados assuntos solicitados por seus espectadores, e mediados pela apresentadora. Nesse dia o tema foi Transtorno de Pânico. Participaram do programa dois profissionais da área da saúde mental e uma pessoa que é acometida pela síndrome, que após acompanhamento profissional, retomou a vida, e hoje coordena o “Sem Transtorno”, grupo de apoio, direcionado às pessoas que sofrem do mesmo mal.

As perguntas dos telespectadores foram muitas, entre elas: Transtorno de Pânico, é considerado doença? Como identificar se sofro desse mal? Quais são as causas? Qual o tratamento indicado? Como familiares podem contribuir no tratamento? Tem cura? Há relato de morte por Crises de Pânico?  

O Transtorno de Pânico é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um Transtorno Mental, constando na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e no DSM (Diagnostic and Statistical of Mental Disorders) da Associação Americana de Psiquiatria, o Transtorno de Pânico faz parte dos Transtornos de Ansiedade (DSM5 – 2013).

A crise de pânico – ou ataque de pânico – ou síndrome do pânico – é um transtorno psicológico caracterizado pela ocorrência inesperada de períodos de intensa ansiedade, geralmente com início súbito, acompanhados por uma sensação de catástrofe iminente e com a expectativa ansiosa de ter novas crises. A frequência das crises varia, e sua duração, na maioria das vezes, atinge o ápice dentro de 10 a 20 minutos.

Muitas pessoas com síndrome do pânico buscam tratamento primeiro no pronto-socorro, pois os súbitos de pânico parecem ataques cardíacos. Nesse momento o médico fará exames para avaliar o paciente, pois outras doenças devem ser descartadas antes de diagnosticar o transtorno de pânico.

No geral, as crises de pânico apresentam pelo menos cinco dos seguintes sintomas, de forma recorrente: embaçamento da visão, boca seca, sudorese, ondas de calor ou frio, tontura ou desmaio, sensação de engasgar, náuseas ou mal-estar estomacal, dormência ou formigamento (nas mãos, nos pés ou no rosto), ritmo cardíaco acelerado ou taquicardia, sensação de falta de ar ou sufocamento, tremores, despersonalização e sensação de iminência da morte ou de uma tragédia.

As causas do Transtorno de Pânico são psicológicas, embora comumente percebidas de forma física. As mais comuns são: reação a uma fase de estresse, experiência traumática a um evento ou doença grave, automedicação, uso/abuso de anabolizantes e de outras drogas, predisposição genética aos transtornos psiquiátricos (Atenção: predisposição não quer dizer hereditariedade!), ou sem nenhum motivo consciente (bem mais raro).

O tratamento usualmente indicado é o medicamentoso combinado com o acompanhamento psicológico. Em casos menos complexos, a medicação poderá não ser necessária. Em tratamento psicoterapêutico, o adoecido irá entender e controlar as visões distorcidas dos estressores da vida; treinará para reconhecer e substituir os pensamentos que causam pânico, diminuindo o sentimento de impotência; se observará para gerenciar o sinais desencadeadores do estresse e aprenderá técnicas para relaxar, quando os sintomas ocorrerem; irá imaginar as situações que causam a ansiedade, para desenvolver recursos; se envolverá lentamente com as situações da vida real, para a superação dos seus medos; entre outros.

As seguintes práticas também podem ajudar a reduzir o número e a gravidade dos ataques de pânico: fazer exercícios regularmente, alimentação equilibrada, cuidados para ter bom sono, reduzir ou evitar bebidas estimulantes, leituras sobre o assunto, participação em grupo de apoio e o exercício de meditação/relaxamento.

Boa literatura sobre o tema, grupos de mútuo apoio familiar e consulta com profissionais são instrumentos dos quais os familiares podem dispor para entender a natureza da doença de seu ente querido. A compreensão do mal-estar do adoecido é importante para o entendimento do quanto é diferente de que qualquer desconforto experienciado por quem não é acometido pelo transtorno. Essa percepção da doença é importante para não desqualificar o sofrimento de quem é portador desse mal. Por outro lado, o excesso de compreensão pode favorecer a esquiva fóbica, o que justificaria à pessoa adoecida se isolar, o que só agravaria o quadro clínico.

Transtorno de Pânico não tem cura, mas tem controle. E, não há relato de óbito pela doença da síndrome do Pânico, porém, caso não seja devidamente acompanhado por bons profissionais, pode haver recaída, que tende a se apresentar com crises de pânico ainda mais intensas, potencializando a incidência de depressão. A preocupação com o óbito advém sim do considerável risco de morte em paciente com depressão. Entretanto, se o Transtorno do Pânico for tratado adequadamente, a vida é retomada, de forma interativa e produtiva.  

Após os esclarecimentos aos telespectadores, a entrevista enfocou o panorama positivo frente à apresentação de casos clínicos bem sucedidos. Também foram abordadas as contribuições do tratamento multidisciplinar. O encerramento do programa se apresentou com o depoimento da pessoa que vive o drama, que finalizou sua fala ressaltando que o tratamento é diário, de forma continuada, e que destacou também o quanto a experiência de superação frente ao Transtorno de Pânico possibilitou à ela uma grande oportunidade de crescimento pessoal.

Para as futuras edições desta coluna, se desejarem enviar suas reflexões e/ou questões, fiquem à vontade.

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