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14/11, Dia Mundial do Diabetes: o papel da saúde bucal no controle da doença

Estudos mostram que inflamações na gengiva podem dificultar o controle da glicemia, reforçando a importância do cuidado odontológico para quem vive com diabetes

O diabetes afeta hoje cerca de 537 milhões de adultos no mundo, segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Conhecida por impactar o controle do açúcar no sangue, a doença também interfere em outros sistemas do corpo, e um dos mais afetados é a saúde bucal.

 

De acordo com a cirurgiã-dentista e especialista em Periodontia Dra. Manuela Netto, SDA Trainer da Swiss Dental Academy na EMS Brasil, “os cuidados com a saúde bucal são parte essencial do manejo do diabetes, pois as doenças periodontais e o descontrole glicêmico estão diretamente conectados”.

 

Entre as principais complicações bucais associadas ao diabetes está a periodontite, uma inflamação que compromete os tecidos de suporte dos dentes. Pacientes diabéticos também podem apresentar boca seca, candidíase, dificuldade de cicatrização e até hálito cetônico, sinal de glicemia elevada. O que poucos sabem é que essa é uma via de mão dupla: o diabetes descontrolado aumenta o risco de doenças gengivais, e a inflamação na gengiva dificulta a ação da insulina. “Quando há inflamação na boca, o corpo libera substâncias que interferem na resposta insulínica, o que agrava o controle do açúcar no sangue”, explica a especialista.

 

Estudos reforçam essa conexão. A clássica pesquisa de Löe (1993) identificou a periodontite como a sexta principal complicação do diabetes. Revisões mais recentes mostram que pessoas com a doença têm até três vezes mais risco de desenvolver inflamação gengival e periodontite. A boa notícia é que o tratamento periodontal e o controle glicêmico atuam juntos: pacientes que mantêm a glicose equilibrada apresentam saúde bucal semelhante à de pessoas sem diabetes, e vice-versa.

 

Para a Dra. Manuela Netto, o maior desafio ainda é a falta de consciência sobre essa relação. “As doenças bucais são silenciosas. Muitos pacientes só percebem o problema quando há sangramento ou dor, mas a inflamação já pode estar impactando todo o organismo”, alerta. Ela defende um modelo de atendimento personalizado e acolhedor, que una prevenção e bem-estar. Nesse contexto, tecnologias modernas vêm transformando o cuidado odontológico, como o Protocolo GBT (Guided Biofilm Therapy), um método de limpeza dental menos invasivo, rápido e confortável, baseado em evidências científicas. “Com o GBT, conseguimos realizar uma profilaxia eficaz, removendo o biofilme bacteriano com precisão e sem desconforto. Muitos pacientes relatam que relaxam durante a sessão”, afirma.

 

O acompanhamento odontológico deve fazer parte da rotina de quem tem diabetes. Entre as principais recomendações estão as visitas regulares ao dentista, de preferência em um intervalo curto, podendo ser a cada três ou quatro meses, já que a placa bacteriana se recompõe nesse período. Também é essencial manter o controle rigoroso da glicemia, evitando procedimentos odontológicos quando os níveis estão abaixo de 70 mg/dL ou acima de 300 mg/dL, realizar uma higiene oral completa, hidratar-se com frequência e optar por protocolos modernos de limpeza, que tornam o processo mais confortável e reduzem o estresse.

 

“Cuidar da boca é cuidar do corpo”, resume a Dra. Manuela. “Quando o diabetes está sob controle, as gengivas se mantêm mais saudáveis. E quando a saúde bucal vai bem, o equilíbrio glicêmico também é atingido mais facilmente”.

 

O diálogo entre dentistas, endocrinologistas e pacientes é fundamental para um tratamento mais efetivo. Consultas preventivas e a troca de informações entre os profissionais ajudam a identificar precocemente alterações que podem indicar descontrole glicêmico. “Os dentistas são muitas vezes os primeiros a perceber sinais de diabetes ainda não diagnosticado. Essa integração multiprofissional é essencial para promover qualidade de vida e prevenir complicações”, reforça a especialista.

Sobre Dra. Manuela Netto

Dra. Manuela Netto é cirurgiã-dentista formada pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), com pós-graduação em Periodontia pelo Instituto de Odontologia da PUC-RJ (IOPUC). Possui mestrado em Ciências dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME-RJ). Atualmente, atua como SDA Trainer da Swiss Dental Academy na EMS Brasil, onde lidera treinamentos sobre tecnologias inovadoras no campo da odontologia, com ênfase em técnicas modernas, como o Protocolo GBT.