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O programa Foca vai distribuir R$ 20 milhões a projetos culturais no Rio

Até 2024, ao menos a metade do orçamento municipal da cultura será destinada a artistas do subúrbio e das favelas. O anúncio foi feito pela Secretaria Municipal de Cultura, durante oficina do Foca no Território na Rocinha, Zona Sul do Rio, no dia (21/08). Desde o lançamento do edital do Foca (Fomento à Cultura Carioca), da Prefeitura, funcionários da pasta estão indo a campo auxiliar, esclarecer o edital, motivar e qualificar os proponentes no processo de escrita do projeto. As inscrições para o Foca terminam dia 22 de setembro. Serão disponibilizados R$ 20 milhões a mais de 300 propostas por toda a cidade.

– Territorializar o recurso público é a nossa maior meta – assegurou a chefe de gabinete da Secretaria de Cultura, Flávia Piana.

– A gente cansou de ver projetos de dança estrear aqui com pessoas que não eram da Rocinha. Queremos ser protagonistas de todo o processo, desde a elaboração até a execução, e não somente ficar na plateia. Nossa cultura é que tem que se fazer conhecida” – comentou Ana Lúcia Silva, coordenadora do ponto de cultura Cia Livre de Dança.

O produtor e coreógrafo Marcos Bandeira, do Grupo Origens, de Santa Teresa, também participou do encontro, de onde saiu com o projeto rascunhado.

– Tinha dúvidas quanto às linhas do edital, em qual me encaixar, mas agora ficou mais claro. Cheguei sem a menor noção de como realizar e saí com um projeto na cabeça – contou.

Ao mesmo tempo, também aconteceram oficinas em Santa Cruz (zona Oeste), Pedra de Guaratiba (zona Oeste) e Tijuca (zona Norte).

– Muito importante ter este pessoal aqui em Santa Cruz para ajudar quem já faz cultura a entender de edital e tocar seus próprios projetos – ressaltou Carla Cristinne, do Ser Cidadão.

Ainda no âmbito do Foca, toda quarta-feira, às 19h, tem uma live para tirar dúvidas (youtube.com/cultura_rio). Qual é a contrapartida? E a prestação de contas? Pode assinatura digital? Quantos projetos por proponente? Estas são algumas das questões mais levantadas pelos interessados no edital, assim como itens como a pré-produção. Para um projeto de dança, por exemplo, pode-se incluir no orçamento a residência artística em parceria com equipamentos culturais.

– Vem no momento muito necessário, sobretudo porque o setor cultural foi um dos mais castigados na pandemia. Em especial os moradores do subúrbio têm mais dificuldade de acessar o poder público – disse João Luís Pereira, produtor e articulador territorial de Sepetiba, membro da União Coletiva Pela Zona Oeste (@uczonaoeste).

Projetos coletivos têm mais chance, uma vez que empregam mais gente.

– Eu tinha uma outra visão de reunião com jovens, com encontros assim eu percebo mais portas se abrindo. Mais visibilidade – ressaltou a produtora Tatiana Enes, do Instituto Agrega, onde coordena um projeto de cover de comunidade.

O mais interessante, para Keila Gomes, que é professora, percussionista, brincante de coco de roda e coordenadora do Baque Mulher ZO (@baquemulherzo), é que o Foca vai descentralizar os recursos.

– Aqui na zona Oeste, a gente faz cultura no peito e na raça, porque a maioria nunca teve a oportunidade nem de entrar num edital. Sabendo o que preencher em cada campo fica mais fácil. A gente perde o medo, oficinas assim nunca chegaVam aqui – destacou Keila, moradora de Paciência.

Quem concorda é Taisa Machado, idealizadora do projeto Afrofunk Rio, da Tijuca.

– Foi ótimo ver o esforço para retomar as atividades no universo cultural por meio de edital. Oferecer mais oportunidades independentemente do CEP – concluiu.

 

Entenda o Foca – Fomento à Cultura Carioca

O edital do Foca tem duas linhas de ação, uma delas para descentralizar/democratizar o acesso por territórios. Ao todo, serão R$ 20 milhões, disponibilizados até dezembro. Informações e inscrições no site bit.ly/editalfoca.

– O Rio é o centro da produção cultural brasileira. É o início do reinício. Virão mais novidades e recursos para esta área que é tão importante para a economia da cidade. Será um renascimento. O Rio vai voltar a ter o maior orçamento da cultura do país. Vamos voltar a ser protagonistas – garante o prefeito Eduardo Paes, sobre o programa.

Na primeira linha de incentivo, o objetivo é selecionar e apoiar financeiramente 184 propostas em 12 categorias: teatro, circo, artes visuais, arte antirracista, produções LGBTI+, artes urbana e pública, cultura popular, música, literatura, infância, dança e pesquisa & inovação. Podem participar pessoas jurídicas (com ou sem fins lucrativos), Microempreendedores Individuais (MEIs) e pessoas físicas – neste caso exclusivo para a categoria pesquisa & inovação. Os contemplados poderão ser apoiados com, no mínimo, R$ 25 mil e, no máximo, R$ 200 mil, cada.

A segunda linha fomentará as relações entre cultura e território, potencializando a cena artística em regiões populares da cidade. Serão distribuídos R$ 4 milhões a 120 projetos, em duas categorias: favelas da Zona Sul e do Centro (APs 1 e 2 ) e localidades da Zonas Norte e Oeste (APs 3, 4 e 5). Podem participar pessoas físicas ou jurídicas, incluindo MEIs, com residência e atuação cultural nestes territórios há pelo menos um ano. O valor para cada proposta selecionada vai variar entre R$ 25 mil e R$ 50 mil.

– O nome engraçado e curioso é para a gente focar na cultura. Para voltar, recomeçar. Vamos transformar. É a esperança de retomar a cultura carioca, que está muito machucada. É um recomeço da política de fomento à cultura, mesmo num cenário adverso. É um gesto importante da Prefeitura para mostrar que está atenta e quer voltar a ser protagonista nesta área – afirma o secretário de Cultura, Marcus Faustini.

O edital terá uma comissão de seleção composta por 60 especialistas. A previsão de repasse do recurso é até dezembro de 2021. Os contemplados terão até um ano para executar e apresentar o projeto.

 

 

Prefeitura volta a investir em fomento cultural

Após quatro anos de estagnação, a cultura carioca voltou a ter investimento. Nos últimos seis meses, além do Foca, com incentivo de R$ 20 milhões, a SMC publicou o edital da lei do ISS (R$ 54 milhões) e outro para apoio a projetos ligados ao carnaval (R$ 3 milhões). Também foi lançado o programa Aprendiz Cultural, que incentiva a formação de jovens na cultura por meio de bolsas. Foram publicados editais de gestão das lonas culturais, das areninhas e da Arena Jovelina Pérola Negra. A SMC publicou ainda edital de manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos culturais.

Dúvidas: foca.culturario@gmail.com