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O golpe está aí, cai quem quer?

Por Antonio Carlos 

Um imenso golpe da pirâmide veio a público e já não restam dúvidas de que se tratava de um esquema fraudulento para ludibriar pessoas honestas, que ainda acreditam na bondade humana. O fato transformou a cidade de Cabo Frio em um grande centro de investidores que lhe alçou a alcunha de Novo Egito com direito a Faraó. Obviamente o apelido dado, se refere as pirâmides do Egito, o que já seria motivo suficiente para desconfiança. O Faraó em questão é um ex garçom, que viu nos Bitcoins e nas criptomoedas, dinheiro invisível, um meio moderno e ideal para criar uma pirâmide financeira disfarçada de investimento e ficar bilionário. Mas esse não era o único Faraó da Região dos Lagos.

Diversas empresas se estabeleceram nesse balneário de águas claras e em qualquer esquina lucros altos e rápidos são oferecidos aos transeuntes.  Como todo e qualquer golpe, existe uma técnica, uma estratégia muito bem definida e principalmente, promessas de retornos financeiros fantásticos sem os quais, seria difícil atrair os investidores.

De um lado o golpista e seu esquema sedutor, do outro, uma vítima que em nenhum momento desconfia que é bom demais para ser verdade. Daí para frente tudo é pura tentação; lucros e mais lucros que chegam mensalmente e que podem ser potencializados com o recrutamento de novos investidores, que aumentarão ainda mais os lucros dos golpistas e ajudarão a alimentar o falso investimento, dando-lhe mais tempo de vida antes do inevitável fim.

Matematicamente a longo prazo não se sustenta, explode, dando prejuízo a milhares de investidores que nunca mais avistarão a cor do seu dinheiro.
A mola mestra principal desse e da maioria dos golpes é comum entre os lados dessa relação duvidosa, a ganância. Ganância que cega a vítima, que afasta da razão e da cautela.

Ganância que habilita o golpista na arte da sedução e da ilusão. Num país em que 11% da população já foi vítima de alguma fraude financeira, a lei precisa ser endurecida. O tipo penal específico para punir os fraudadores de pirâmides financeiras já deveria existir, mas não existe. O que se tem hoje é o crime contra a economia popular que tem pena irrisória de detenção de seis meses a dois anos e multa.

Com contorcionismo, o Poder Judiciário vem enquadrando as práticas de pirâmide financeira no tipo geral de estelionato, cuja pena é um pouco maior, mas que se não vier em concurso com crime de organização criminosa, e de maneira acessória de lavagem de dinheiro, continuará dando aos criminosos a sensação de que o crime compensa.

Talvez esse seja um dos motivos para esses golpes não pararem de crescer e a razão dos golpistas não estarem em sua grande maioria, na cadeia. Os que perderam seu dinheiro, no caso do Faraó de Cabo Frio, podem ainda tentar reaver parte do dinheiro investido através da justiça, já que patrimônio e muito dinheiro foram encontrados. Resta saber quanto tempo isso irá demorar. Bom seria se fosse em menos tempo que os golpistas vão levar para dilapidar todo esse patrimônio quando os habeas corpus os colocarem em liberdade.