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O trem desgovernado pelo desgoverno

Por Antonio Carlos


A crise nos transportes no Rio de Janeiro não é fruto somente da atual gestão do estado. Ela vem de anos e anos de desgovernos corruptos, de contratos propositalmente mal elaborados e, sobretudo, do descaso com o povo trabalhador que utiliza os transportes públicos, renegando-os a cidadãos de segunda classe, sem direito a dignidade e respeito.

 

A situação dos transportes no Rio de Janeiro, são uma amostra do que a falta de preparo pode fazer com um estado que tinha tudo para ser o melhor do Brasil. É a prova de que muito dinheiro em caixa só tem importância quando acompanhado de competência e conhecimento de causa. Esses e muitos outros problemas vem sendo jogados para debaixo do tapete, mas sem sombra de dúvidas, a segurança é o calcanhar de Aquiles do nosso estado e coisa pior ainda está por vir.

Na esteira do abandono e do descaso experimentado todos os dias pela população, a crise dos trens da SuperVia que deixou por cinco dias os cidadãos privados do transporte sobre trilhos em consequência do furto de cabos de alimentação da rede elétrica, com absoluta certeza é de responsabilidade da atual gestão.
No último ano o furto de cabos sem qualquer repressão, ingressou na lista dos inúmeros problemas que afetam a circulação de trens e excessivas mudanças e escolhas equivocadas do secretariado, agravou ainda mais o problema. A começar pelo Secretário Estadual de Transportes que em meio a situação caótica, simplesmente sumiu, ninguém sabe, ninguém viu.

Seguindo-se do silêncio ensurdecedor do governador e das entrevistas desastrosas de assistentes que mal sabiam por que foram jogados em uma coletiva de imprensa. Não há uma única semana em que não se tenha notícia de problemas nos trens, que vão de paralização a vandalismo, de assassinato nos trilhos a tráfico de drogas. A situação dos trens é caótica, fora de controle, sem luz no fim do túnel.

Duas décadas após o serviço ser concedido a iniciativa privada, a despreocupação e a crueldade com os usuários, o povo trabalhador, é incontestável.
E o que fazem os governantes? Lavam suas mãos e assistem como expectadores numa demonstração inequívoca de desprezo pelo povo, movida por suas ambições em que arranjos políticos são o que realmente importa, onde pretensões políticas futuras contam mais que o povo.

Reparar e dar um novo rumo a situação dos transportes no Rio de Janeiro, não é fácil, requer trabalho, requer o afastamento da ideia de que o Estado não deve intervir no serviço público e principalmente, requer escolher pessoas sérias, comprometidas e capazes para ocupar a secretaria.

Para quem pretende se manter no cargo de Governador, o pedido de ajuda ao Ministério Público do Estado, soa como atestado de incapacidade e entrega dos pontos. Melhor seria ter a força e a independência para cobrar de seu secretariado, medidas que dessem um choque de ordem para ao menos, permitir que os trens circulassem.

A situação não vai melhorar do dia para noite, o troca-troca constante de secretários impede continuidade, maturidade de projetos a longo prazo e só nos resta esperar com muita resignação, que a divina providência tome uma providência.